LA LECCIÓN DE PINTURA

(idem – 2010 – Chile)
Direção: Pablo Perelman
Roteiro: Pablo Perelman, baseado em livro de Adolfo Couve
Elenco: Daniel Giménez Cacho, Verónica Sánchez, Juan José Susacasa, Edgardo Bruna, Catalina Saavedra, Manuel Peña, Carmen Gloria Breski, Jaime Omeñaca, Roxana Campos.

Assim como Las Malas Intenciones, filme assistido na noite anterior do 39º Festival de Cinema de Gramado, La Lección de Pintura também conta uma tragédia histórica pelos olhos de uma criança. Porém, ao contrário do longa peruano, esse não mostra uma menina com leves tendências psicopatas, mas sim um jovem talento da pintura, capaz de reproduzir no papel qualquer quadro, objeto ou pessoa que é colocada em sua frente.

A história começa no pequeno vilarejo de Llay Llay, interior do Chile, na década de 60 – pouco antes do golpe militar de 1973 –, quando uma jovem mãe chega à cidade carregando o filho recém nascido, depois de ter fugido do hospital e da família que iria entregar o bebê para adoção. É lá que ela conhece um farmacêutico que, nas horas vagas, tenta ser pintor. O homem dá-lhe um emprego e, com o passar do tempo, passa a cuidar da educação do filho dela. Quando descobre, por acidente, o talento da criança (agora com 10 anos) para a pintura, o homem passa a incentivá-lo a seguir com a carreira de artista, ensinando-o tudo o que sabe; algo que não é visto com bons olhos pela mãe, que sonha que o filho siga a carreira de químico. Enquanto isso, a revolução começa lentamente a tomar formas cada vez mais sérias e trilhar por caminhos violentos.

Mantendo sempre um ótimo ritmo, com boas doses de humor, o diretor e roteirista Pablo Perelman acerta ao abordar o crescimento do movimento político de maneira orgânica, sem deixar que isso tome conta ou mude o foco de sua narrativa. O cineasta também merece destaque por criar belíssimos planos – sempre com a ajuda do excelente diretor de fotografia Serguei Saldivar Tanaka –, como as seqüências noturnas ou àquelas cobertas de névoa. Perelman destaca-se também como diretor de atores, arrancando excelentes atuações tanto do elenco adulto, quanto do simpático garoto que consegue, com seu carisma, nos fazer esquecer o fato de que estamos vendo uma criança de 10 anos pintando quadros (em um dia) que profissionais demorariam meses para fazer.

Mantendo o nível das produções como O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias e o já mencionado Las Malas Intenciones, La Lección de Pintura serve para comprovar que esse subgênero (e por que não chamar assim?), por mais que peque em originalidade, até agora nunca faltou em conteúdo.

Nota:(Bom) por Daniel Medeiros


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