Crítica | Além das Montanhas

O diretor romeno Cristian Mungiu chamou atenção em 2007 com o pesado e premiado 4 meses, 3 semanas e 2 dias, no qual mostrava o drama de uma mulher que precisa se livrar de uma gravidez indesejada. Em Além das Montanhas, seu novo longa-metragem, Mungiu volta a focar-se em mulheres fortes, dessa vez em um convento no interior do país, mas o resultado acaba ficando longe do que o consagrou.

O roteiro, escrito pelo próprio diretor com base no livro de Tatiana Niculescu, acompanha a jovem freira Voichita (Cosmina Stratan), que vive em um monastério isolado, que funciona sob o comando do padre (Valeriu Andriuta) e da madre superiora (Dana Tapalaga). A rotina da garota muda quando ela recebe a visita da amiga de infância Alina (Cristina Flutur), que chega ao local com planos de levar Voichita com ela de volta à civilização. Quando percebe a relutância da amiga em sair daquele lugar, Alina passa a se comportar de maneira estranha, se tornando violenta e sofrendo ataques compulsivos, algo que, naquele local, pode facilmente ser interpretado uma forma de influência demoníaca. Resta aos outros então, rezarem para a melhora da garota.

Utilizando-se de um ritmo extremamente lento – algo auxiliado por seu estilo narrativo onde cada cena se resume a um único plano – o cineasta comprometendo a atenção do espectador ao inserir diversas cenas desnecessárias – como a sequência em que Voichita vai tirar os documentos para a viagem – que tornam o filme mais longo do que necessário (150 minutos). E por mais que ainda insira uma discussão interessante no terceiro ato, ela acaba não sendo suficiente para justificar a extensa duração.

Tecnicamente, entretanto, Além das Montanhas funciona perfeitamente. O excelente trabalho de direção de arte cria um monastério que parece viver em outra época – o que torna o choque com a civilização, nas cenas em que os personagens vão até a cidade, um elemento interessante. Da mesma maneira, a atuação do trio principal (as duas garotas e o padre) merece destaque por apresentarem três posturas completamente diferentes inseridas em um mesmo ambiente. Isso tudo, porém, acaba não sendo suficiente para salvar o filme de um resultado apenas satisfatório. Poderia até ser aceitável, caso não fosse dirigido por Cristian Mungiu.

(Dupa dealuri – Drama – Romênia/França/Bélgica – 150 min. – 2012)
Direção: Cristian Mungiu
Roteiro: Cristian Mungiu, com base nos livros de Tatiana Niculescu
Elenco: Cosmina Stratan, Cristina Flutur, Valeriu Andriuta, Dana Tapalaga, Catalina Harabagiu.

Nota: (Bom) por Daniel Medeiros