Crítica | A Origem dos Guardiões

A Origem dos Guardiões adapta para o cinema a série de livros de William Joyce, “Os Guardiões da Infância”, que contam a história de diversos protetores juvenis, como o Papai Noel, o Coelho da Páscoa e a Fada do Dente. Além deles, também participam das aventuras os menos conhecidos (aqui no Brasil) Jack Frost (responsável pela neve), Sandman (guardião dos sonhos) e os Iets (ou Abominável Homem das Neves).

A trama gira em torno de Frost (Chris Pine), que passa os dias se divertindo e fazendo nevar, sem preocupar com nada, mas amargurado pelo fato de que a falta de crença da criançada o faz invisível aos seus olhos. Porém, quando o temível Bicho Papão (Jude Law) ameaça voltar a aterrorizar as crianças, o Homem da Lua, criador de todos os guardiões (e uma clara alusão religiosa), convoca-os para protegerem os pequenos e eliminarem a ameaça.

Apresentando uma temática bastante sombria para uma animação – o que explica o nome de Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno) na produção executiva – A Origem dos Guardiões acerta ao criar não apenas um vilão convincente, mas também ao tornar a ameaça real (dentro daquele universo, é claro) apresentando um plano maléfico bastante inteligente.

Ao mesmo tempo, o roteiro de David Lindsay-Abaire (Robôs) mantém o bom humor característico das animações da DreamWorks, investindo em boas piadas (a divisão européia da fada do dente é hilária) e, principalmente, no relacionamento dos personagens, como as brigas entre Jack Frost e o Coelho da Páscoa (Hugh Jackman).

Em sua primeira incursão no comando de um longa-metragem, Peter Ramsey, dono de uma extensa carreira como desenhista de storyboards (cujos trabalhos incluem Clube da Luta e O Grinch), alterna bem entre a tensão das cenas noturnas e o clima agradável das demais sequências, sem nunca perder o ritmo nem o foco da narrativa. Além disso, o diretor se utiliza da sua experiência anterior para criar e coreografar cenas de ação ágeis e muito bem feitas, como o ótimo clímax.

E ainda que apresente uma estrutura bastante esquemática – é possível prever os conflitos entre os personagens antes que eles aconteçam – e as vezes clichê (como na cena em que várias pessoas se oferecem para ajudar os heróis), A Origem dos Guardiões é bem sucedido em sua proposta e cumpre o que promete, entregando uma animação visualmente interessante e bastante divertida.

Rise of the Guardians – Animação – EUA – 2012 – 97 min.
Direção: Peter Ramsey
Roteiro: David Lindsay-Abaire, com base nos livros de William Joyce
Elenco (vozes originais de): Chris Pine, Hugh Jackman, Jude Law, Alec Baldwin, Isla Fisher, Dakota Goyo.

 

Nota: (Ótimo) por Daniel Medeiros