Taxi Driver no Cinema

É sempre uma experiência prazerosa, ainda que bastante rara, assistir a um filme clássico na sala de cinema. Recentemente pude ver Um Corpo que Cai, Fome de Viver e Os Incompreendidos em exibições especiais de cópias restauradas. Agora o Cinemark anunciou que vai trazer mais alguns filmes para integrarem essa lista. E o primeiro foi Taxi Driver.

Eu já tinha visto o filme anteriormente, mas confesso que não me lembrava muito bem dos detalhes do longa, detalhes estes que talvez tenham me escapado por falta de conhecimento na época ou por que eram menos perceptíveis na sala de casa. Não lembrava, por exemplo, do ritmo do filme e nem da maneira contemplativa com que um iniciante Martin Scorsese dirigia as cenas (e isso se torna muito mais evidente por conta da imersão que o cinema proporciona). Também não tinha interpretado o filme como um western contemporâneo, que conta a história de um cavaleiro solitário que resolve trazer justiça a uma terra sem lei.

Ainda que faça todo o sentido dentro da proposta apresentada pelo cineasta, esse gênero cinematográfico (o western) é característico por um ritmo mais lento, o que, pelo que pude perceber na sessão em que eu estava, incomodou algumas pessoas acostumadas (acredito) com ritmo frenético das produções contemporâneas – inclusive as produções do próprio Scorsese, como O Lobo de Wall Street. Mas o mais bizarro foi ver as pessoas rindo na violentíssima cena do tiroteio ao final, o que comprova que a espetacularização da violência parece ter chego a tal ponto que qualquer coisa que destoe disso vira motivo de piada.

Ver Taxi Driver no cinema também me possibilitou enxergar com mais clareza o uso de cores que Scorsese emprega em sua narrativa, com destaque especial (como de costume) ao vermelho, que nesse caso chega a ser explicado e explicitado dentro da narrativa: em certo momento, Travis (Robert De Niro) entra no escritório onde Betsy (Cybill Shepherd) trabalha, escritório este totalmente coberto de vermelho (no carpete e nas paredes), e ele, sendo arrastado para fora, grita que ela “está no Inferno“. Também é possível perceber a maneira como o diretor utiliza bem toda a extensão do quadro, em especial na cena em que Travis derruba a TV com os pés.

Esses são apenas alguns dos motivos que fazem da experiência de ir ao cinema algo não só agradável, mas praticamente essencial para qualquer cinéfilo. Por melhor que seja a sua TV e o seu sistema de som, ver um filme no cinema sempre terá um diferencial. Ainda mais quando se trata de um filme tão bom quanto Taxi Driver.