Crítica | Trilogia do Terror (1993)

Antologias são sempre complicadas, pois normalmente alguns episódios são mais interessantes do que os outros, e isso prejudica na sua apreciação da obra como um todo. Pior ainda é quando o melhor dos episódios é o primeiro a ser mostrado, causando uma sensação de queda gradativa na qualidade dos capítulos seguintes. É isso o que acontece em Trilogia do Terror, antologia televisiva realizada na década de 1990 e dirigida por dois verdadeiros mestres do gênero: John Carpenter (Halloween – A Noite do Terror) e Tobe Hooper (O Massacre da Serra-Elétrica).

A trama acompanha três tramas distintas contadas por um sujeito bizarro (interpretado pelo próprio Carpenter) que trabalha como legista em um necrotério. Examinando os corpos, ele nos apresenta às histórias daquelas vítimas, sendo duas delas dirigidas por Carpener e uma comandada por Hooper.

A primeira, intitulada “The Gas Station”, é de longe a mais interessante, e acompanha uma jovem estudante que trabalha num posto de gasolina à noite, enquanto o rádio anuncia que um assassino serial está à solta na cidade. Trata-se de uma temática clássica, e contada com maestria por Carpenter, que opta constantemente por planos gerais que mostram a ação acontecendo no fundo, sem o conhecimento da protagonista. O curta peca apenas pelo seu formato, que não permite um desenvolvimento mais profundos dos personagens e da situação, tendo que acelerar a resolução do problema.

O segundo curta, também de Carpenter, é chamado de “Hair”, e acompanha um homem aderindo às mais distintas formas de tratamento capilar para evitar a sua iminente queda de cabelo. O segmento é uma crítica à sociedade moderna e sua constante busca por um padrão de beleza, com toques de ficção científica e personagens bizarros, característicos da filmografia do diretor. Ainda assim, esse episódio apresenta um ritmo excessivamente lento e uma história que não empolga muito.

Por fim, “Eye” é dirigido por Hopper e conta a história de um jogador de beisebol que, após um acidente de carro ter lhe custado um olho, passa por um procedimento cirúrgico para trocar o seu olho danificado. O problema é que ele começa a ter visões relacionadas à vida do antigo “dono” do olho, e logo descobre que se tratava de um assassino condenado à morte. A trama não é nada original, mas Hopper conduz bem a narrativa, aproveitando-se inclusive do exagero característico do ator Mark Hamill (o Luke de Star Wars).

As participações especiais são um atrativo à parte para os fãs do gênero. Além dos dois diretores, aparecem rapidamente os cineastas Wes Craven (Pânico), Sam Raimi (Oz: Mágico e Poderoso), Roger Corman (O Solar Maldito) e Greg Nicotero (produtor da série The Walking Dead), entre outros. Ao final, Trilogia do Terror não é necessariamente um filme bom, mas os fãs de terror com certeza encontrarão motivos para gostar.



(Body Bags | Terror | EUA | 1993)
Direção: John Carpenter e Tobe Hooper
Roteiro: Billy Brown e Dan Angel
Elenco: Alex Datcher, Robert Carradine, Stacy Keach, David Warner, Sheena Easton, Mark Hamill, Twiggy, Roger Corman, John Carpenter, Tom Arnold, Tobe Hooper.

Trailer:

Gostou do post? Então aproveite e curta a nossa página no Facebook e siga a gente no Twitter.