O cinema de terror se despede de Wes Craven

Morreu o cineasta Wes Craven, mestre do cinema de terror e criador de personagens icônicos como Freddy Krueger (de A Hora do Pesadelo) e Ghostface (assassino da franquia Pânico). Ele faleceu no domingo, 30 de agosto, aos 76 anos, vítima de câncer no cérebro.

Nascido em 2 de agosto de 1939, em Cleveland, no estado americano de Ohio, Wesley Earl Craven começou sua carreira no cinema como produtor associado no drama Together (1971), dirigido por Sean S. Cunningham (Sexta-Feira 13). Sua estreia como roteirista e diretor foi no ótimo terror Aniversário Macabro (1972) [foto abaixo].

Em 1977 ele voltou a chamar atenção com o excelente Quadrilha de Sádicos, que gerou uma continuação sete anos depois, também dirigida por Craven. Ele também comandou uma malfadada adaptação das histórias em quadrinhos O Monstro do Pântano (1982) e o terror Convite Para o Inferno, em 1984.

Neste mesmo ano, ele fez aquele que é um dos seus trabalhos mais marcantes: A Hora do Pesadelo. O filme apresentou ao mundo o sádico e carismático assassino Freddy Krueger (Robert Englund), que atacava um grupo de jovens (entre eles um desconhecido Johnny Depp) enquanto eles dormiam, invadindo seus sonhos.

Outros trabalhos notáveis são A Maldição dos Mortos-Vivos (1988), Shocker – 100.000 Volts de Terror (1989), As Criaturas Atrás das Paredes (1991), O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger (1994) e Um Vampiro no Brooklyn (1995).

Em 1996, ele revolucionou novamente o cinema de terror com o primeiro filme da franquia Pânico. Brincando com metalinguagem, inserindo humor e bastante violência, o filme se comunicou muito bem com o público adolescente, e se tornou referência para boa parte das produções do gênero ao longo da década.

Pânico e seu conceito de um assassino mascarado, humano e, principalmente, falho dominou os anos 1990, tendo diversas imitações, a maioria delas de qualidade inferior. Nos anos seguintes, Craven dirigiu outros dois capítulos da franquia (um em 1997 e outro em 2000), que mantiveram o espirito do original ao mesmo tempo em que apresentavam diversas inovações narrativas.

Craven também arriscou uma mudança de gênero com Música do Coração (1999), drama estrelado por Meryl Streep, mas logo retornou ao terror/suspense com Amaldiçoados (2005), Voo Noturno (2005) e A Sétima Alma (2010).

Seu último trabalho foi justamente o retorno à sua franquia adorada com Pânico 4, demonstrando imensa vitalidade e uma nova renovação na sua abordagem narrativa. Trata-se de uma perda enorme para o terror, e para o cinema de modo geral.