7 List | Melhores filmes de terror do primeiro semestre de 2017

Já estamos na metade do ano, e é época de começarmos a listar os melhores filmes vistos até então. Em janeiro eu fiz uma lista com os filmes de terror mais aguardados para 2017, porém, devido a atrasos de estúdios, apenas dois daqueles longas já estrearam comercialmente, e um deles acabou sendo um desastre – conforme mencionei aqui. Mas isso não significa que não vi nenhum filme bom nesses últimos seis meses. Vi alguns títulos excelentes. O problema é que a maioria deles foi direto para o serviço de VOD (video on demand) e/ou continua inédito nos cinemas brasileiros. Mas como alguns desses filmes me agradaram muito, resolvi fazer uma listinha voltada para eles.

Desta forma, essa 7 List de melhores filmes de terror do primeiro semestre de 2017 incluirá, justamente, os melhores filmes que chegaram por aqui (de uma forma ou de outra, se é que vocês me entendem) nesse primeiro semestre do ano. Procurei fazer uma lista eclética, contendo títulos conhecidos e alguns pouco divulgados. Ah, e pela primeira vez adotei um sistema de avaliação para os filmes. Desta forma, vocês verão que os títulos estão numerados por ordem de preferencia, indo do sétimo para o primeiro lugar. Bom, é isso. Espero que vocês gostem da lista. Caso sintam falta de algum filme, deixe o título no campo de comentários (afinal, não dá tempo de ver tudo). Fiquem com a lista e até a próxima!

7 List | Melhores filmes de terror do primeiro semestre de 2017

7º Lugar – A Cura

Dono de um estilo que se adapta aos filmes que está fazendo (em vez de fazer os filmes se adaptarem ao seu estilo), o cineasta Gore Verbinski já teve uma experiência bem sucedida dirigindo terror: o remake O Chamado. Este A Cura marca o seu retorno ao gênero após uma longa incursão em produções de grandes orçamentos como Piratas do Caribe e O Cavaleiro Solitário. A trama mostra um jovem e ambicioso executivo é enviado para buscar o CEO de sua empresa em um “centro de bem-estar” idílico, mas ele logo começa a suspeitar que os tratamentos milagrosos do spa não são o que parecem. Aqui, Verbinski faz uso de um estilo clássico, conduzindo com elegância uma narrativa que remete a filmes das décadas de 1950 e 1960. São cientistas malucos, experiências que desafiam a lógica e cenários pitorescos (nesse caso, a clínica onde se passa a história). A longa duração do filme pode atrapalhar um pouco (vi que muita gente não gostou do filme), mas pessoalmente eu aproveitei cada minuto de projeção. Me lembrou os filmes antigos que cresci assistindo. Ou seja, foi uma experiência ao mesmo tempo nova e nostálgica, além de extremamente divertida.

6º Lugar – A Autópsia

Tenho um fraco por filmes que se passam em um único ambiente e, preferencialmente, em uma única noite. Mas, apesar de gostar desses filmes, eu sempre acho que o diretor vai se perder, deixar a narrativa arrastada, uma vez que ele não pode recorrer à troca de ambientes e nem a grandes pulos temporais. Por isso, é sempre uma agradável surpresa quando me deparo com um filme que consegue prender a atenção do espectador e, mais importante, mantê-lo tenso e assustado durante toda a sua projeção. Pelo menos foi isso que aconteceu comigo quando vi A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe), dirigido por André Øvredal (do divertido TrollHunter). A trama gira em torno de um pai (Brian Cox) e um filho (Emile Hirsch), ambos médicos legistas de uma pequena cidade que precisam identificar a causa da morte de um corpo encontrado em uma casa. Em meio a uma tempestade que os isola do resto do mundo, eles começam a presenciar estranhos eventos envolvendo aquele corpo. Tenso demais!

5º Lugar – The Void

The Void é o tipo de filme que vai crescendo exponencialmente à medida que a narrativa avança. Seus personagens entram num espiral de loucura que leva-os até as portas do inferno. São seitas malucas, criaturas bizarras e alguém que se acha mais poderoso do que Deus. Na trama, em meio a uma patrulha de rotina, um policial encontra um jovem machucado. Ele leva o rapaz para um hospital rural próximo, onde passa a ser ameaçada por uma estranha seita de homens encapuzados. Mas não demora para que perceba que o verdadeiro perigo não está fora do hospital… está dentro.  Sabendo que as perguntas apresentadas são muito mais interessantes do que as respostas, os diretores/roteiristas Jeremy Gillespie e Steven Kostanski não se preocupam em explicar detalhadamente tudo o que está acontecendo. Eles confiam no espectador para preencher as lacunas, participando ativamente da história. O clima é de constante tensão. É violência é extrema. E o resultado é assustador e divertido.

4º Lugar – Capture Kill Release

Quando terminei de assistir ao terror found footage Capture Kill Release, a minha impressão inicial foi de que eu tinha gostado do filme. Porém passei a admirá-lo mesmo, em sua totalidade, quando escrevi a minha crítica. Ao colocar as minhas ideias no papel, consegui organizar o meu pensamento e refletir melhor sobre a obra. E com isso, percebi que aquela minha impressão inicial não estava errada, mas também não estava completa. Pois o longa dirigido por Nick McAnulty e Brian Allan Stewart tinha muito mais a oferecer. A trama acompanha um casal (interpretados por Jennifer Fraser e Farhang Ghajar) que compra uma câmera para filmar seus atos horrendos. Trata-se de um filme que explora muito bem as potencialidades que o subgênero found footage tem a oferecer. O mais interessante nesse caso é o papel ativo que a câmera desenvolve na narrativa. A câmera diegética (inserida dentro do universo narrativo do filme) serve como um registro da degradação daquele relacionamento, ao mesmo tempo em que se mostra a causadora dos atos dos personagens. Esse é um assunto que eu discuto isso com mais detalhes na minha crítica. Leia-a aqui.

3º Lugar – Raw

Alguns dos melhores filmes de terror são aqueles que usam seus temas fantásticos como metáforas para assuntos muito mais reais, e muito mais próximos do espectador. Raw (ou Grave), polêmico terror francês sobre canibalismo, faz justamente isso. A trama acompanha uma jovem estudante de medicina veterinária no seu primeiro semestre da faculdade. Durante o trote, ela é forçada a comer carne, contrariando a dieta vegetariana na qual ela foi criada. Isso causa uma transformação – física e psicológica – na protagonista, que começa a sentir uma fome insaciável por carne. A descoberta do canibalismo surge como uma metáfora para a descoberta sexual da protagonista. As transformações sofridas pelo seu corpo são reflexo das transformações da vida adulta. Porém, a diretora Julia Ducournau também insere a questão da animalidade, transformando a sua personagem em algo completamente diferente. Algo distante da maioria das pessoas. Mas não de todas. Raw é um filme complexo e cheio de simbolismos. É um excelente longa-metragem, que conquistou o seu lugar merecido no pódio dessa lista.

2º Lugar – Fragmentado

Há quem diga que esse é o grande retorno de M. Night Shyamalan. Na minha opinião, ele nunca foi embora. Sua carreira teve algumas irregularidades como a de muitos outros cineastas, mas no geral, quase sempre gosto dos seus trabalhos. Porém, é fácil entender o motivo dessa afirmação de um regresso glorioso, pois Fragmentado (Split) é, sim, um grande filme. A trama acompanha três meninas que foram sequestradas por um sujeito bizarro (James McAvoy), que sofre Transtorno Dissociativo de Identidade, mantendo 23 identidades distintas dentro de um só corpo. Demonstrando elegância na maneira como conduz sua narrativa, o diretor compõe algumas sequências memoráveis, como aquela dentro do trem, na qual vemos um personagem surgir das trevas. Ele também prioriza o uso de planos fechados nos rostos dos atores, o que, além de bloquear todo o entorno, aumenta a sensação de claustrofobia. Por fim, a atuação de James McAvoy é um espetáculo à parte. A crítica completa do filme pode ser lida aqui.

1º Lugar – Corra!

Disparado o melhor filme de terror que assisti esse ano, Corra! (Get Out), de Jordan Peele, tem todos os méritos técnicos e narrativos de um longa bem realizado, mas o mais interessante é a maneira como insere em seu subtexto uma discussão importante acerca do racismo inerente à nossa sociedade. A trama acompanha um jovem fotógrafo negro Chris Washington (Daniel Kaluuya) que está prestes a conhecer a família da sua namorada, Rose (Allison Williams). Mas ao chegar à casa dos sogros, ele começa a perceber um comportamento estranho, o que culmina na revelação de um segredo terrível. Além do suspense bem construído, o que mais me chamou atenção nesse filme é que a discussão sobre o racismo não se dá por meio de um discurso de ódio evidente (apesar de este também estar presente nas entrelinhas), mas sim por uma visão preconceituosa disfarçada de admiração, mérito do ótimo roteiro escrito por Pelle. E além de se mostrar um roteiristas talentoso, Peele também é um cineasta de mão cheia, criando uma narrativa que mistura o natural e o estranho (algo que ele disse que veio da sua experiência na comédia). O texto completo sobre o filme pode ser lido aqui.

Menção honrosa

Numa lista com somente sete títulos, certamente muita coisa ia ficar de fora. Mas, para não deixar de falar sobre outros filmes que me agradaram muito, segue aqui ao menos uma menção: Ao Cair da Noite: Esse quase entrou na minha lista várias vezes. Na verdade, acho que se eu fizesse a lista de novo, ele acabaria entrando. Sendo assim, fica aqui a menção desse filme estiloso que mexe muito com a imaginação do espectador, sugerindo muito mais do que mostrando. Confira a crítica aqui.