RIO

(idem – EUA – 2011)

Diretor: Carlos Saldanha
Roteiro: Don Rhymer
Elenco (vozes originais de): Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Rodrigo Santoro, Jamie Foxx, Will i Am, Tracy Morgan, Jemaine Clement
Ao contrário das animações da Pixar, que procuram inovar em forma e conteúdo a cada lançamento, a Fox permanece sempre no mesmo nível, fazendo filmes para o mesmo público. Tal nível foi estabelecido com o primeiro grande lançamento do estúdio, em 2002. A Era do Gelo não só mostrou a linha narrativa a ser seguida dali para frente, como apresentou o brasileiro Carlos Saldanha (naquele caso, ainda como co-diretor) na direção de uma produção desse porte.
Rio é o mais novo lançamento da Fox Animation Studios, que entra em cartaz nessa sexta-feira nos cinemas, mantendo a horizontalidade dos trabalhos anteriores, trocando apenas a gélida paisagem pré-histórica pelo calor do Rio de Janeiro contemporâneo.
Na trama, Blu é uma arara azul domesticada que nunca aprendeu a voar, e tem uma vida tranqüila e confortável ao lado de Linda, sua dona, na pequena cidade de Moose Lake, em Minnesota. Tudo muda quando Túlio, um excêntrico cientista, informa que a espécie de Blu encontra-se à beira da extinção. Sendo assim, eles partem para o Rio de Janeiro onde a ave deve encontrar-se com Jade, última fêmea da sua espécie. Porém, depois de pouco tempo na cidade maravilhosa, o casal de pássaros é seqüestrado, e embarcam em uma aventura ao lado de novos amigos, enquanto enfrentam perigos como macacos ladrões, uma cacatua rancorosa e um trio de atrapalhados traficantes de animais.
O roteiro – escrito por Don Rhymer (Tá Dando Onda) – busca abordar as temáticas mais “brasileiras” conhecidos no resto do mundo, dando bastante ênfase (de maneira estereotipada) ao futebol, o churrasco, a favela e, principalmente, o samba e carnaval. Além disso, o filme ainda investe nas referências ao nosso maior sucesso cinematográfico estrangeiro: Cidade de Deus. A homenagem vai desde o visual do vilão, que parece em muito com Zé Pequeno, até momentos em que as aves são perseguidas enquanto fogem (correndo) pela favela.
Mais uma vez mostrando-se um diretor mediano, Saldanha destaca-se em certos momentos ao saber utilizar os clichês a seu favor, como na passagem de tempo, no inicio da projeção, que é mostrada inteiramente através de fotos. O mesmo pode-se dizer da maneira como o personagem de Nigel é apresentado: após revelar sua verdadeira personalidade, o pássaro é exibido em contra-plongee, enquadramento que deixa o personagem maior na tela, acentuando sua soberania sobre os demais.
O problema é que, mesmo mostrando um timming ótimo para comédia (a piada das galinhas pintadas de azul é hilária), Carlos ainda investe em cenas musicais desnecessárias e personagens caricatos: desde quando um brasileiro pensa que, já que está vestido com penas, ele deve entrar na Sapucaí imitando um pássaro, e não sambando? Em meio a coadjuvantes tão cativantes – como Luiz, o buldogue babão, e a dupla Nico e Pedro – o personagem de Túlio é forçado, e beira ao ridículo.
Tecnicamente, o longa merece elogios, principalmente a fotografia de Renato Falcão (Diário de um Novo Mundo) que faz um belo trabalho, transformando o Rio de Janeiro em um lugar paradisíaco, banhado de cores fortes, dias ensolarados e noites de lua cheia.
O sucesso comercial da franquia A Era do Gelo é suficiente para comprovar que o diretor entende e atende sua platéia. Rio é uma animação leve, descontraída e divertida. Porém, após filmes como Toy Story 3 e Mary e Max, será que isso é o bastante?
O Projeto 7 Marte a agradece a Espaço Z e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa, onde pudemos assistir a esse filme.

Nota: (Bom) por Daniel Medeiros