QUERO MATAR MEU CHEFE

(Horrible Bosses – 2011 – EUA)
Direção: Seth Gordon
Roteiro: Michael Markowitz, John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein
Elenco: Jason Bateman, Charlie Day, Jason Sudeikis, Kevin Spacey, Colin Farrell, Jeniffer Aniston, Jamie Foxx, Julia Bowen e Donald Sutherland

Quem acompanha as minhas críticas sabe que eu procuro não assistir trailers, principalmente de comédias, pois, em muitos casos, as prévias acabam entregando as melhores piadas do filme. Sendo assim, quando cheguei à cabine de imprensa de Quero Matar Meu Chefe – que estréia nos cinemas nessa sexta-feira – já tendo assistido os trailers, fiquei preocupado, pensando que talvez eu houvesse estragado a minha diversão. Porém, bastaram alguns minutos de projeção para eu perceber o quanto esse meu pensamento inicial estava equivocado.

Na trama, Nick (Jason Bateman) trabalha duro o dia inteiro buscando uma promoção, enquanto leva bronca de seu superior (Kevin Spacey) por chegar 2 minutos atrasado. Enquanto isso, com a morte do dono da empresa onde trabalha, Kurt (Jason Sudeikis) têm que aturar o novo encarregado (Colin Farrel) tentando arruinar os negócios do seu pai. Ao mesmo tempo, Dale (Charlie Day) é um auxiliar de dentista que vive sendo assediado por sua chefe (Jennifer Aniston), o que pode comprometer o seu noivado. É então que, depois de uma noite de bebedeira, o três amigos decidem que a única maneira de melhorarem suas vidas é matando os seus patrões. Para isso, eles buscam ajuda de “Motherfucker” Jones (Jamie Foxx), um profissional no ramo, que serve de conselheiro para os novos assassinos.

Partindo de um roteiro – escrito por Michael Markowitz, John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein, todos oriundos da TV – que se apóia inteiramente no humor negro, o longa acerta em cheio ao focar-se no público adulto, sem preocupar-se com censura ou classificação etária. Sendo assim, são constantes temas como apelo sexual, uso de drogas, palavrões e, é claro, assassinato. Além disso, a estrutura do texto lembra bastante à estrutura da TV, com uma piada atrás da outra, sem dar tempo para o expectador parar de rir – algo auxiliado pela experiência do diretor Seth Gordon no comando de diversos sitcoms como Modern Family, Parks and Recreation e a obra-prima Community.

Ainda assim, os roteiristas cometem alguns equívocos, como ao inserirem os três protagonistas como narradores da história, sendo que eles não trazem nenhuma informação importante; ou ao não desenvolverem a personagem da noiva de Dale, que fica relegada a um papel quase de figurante. E, por mais que isso não influencie no resultado final, confesso que fiquei um pouco decepcionado por não ver o interior da casa da Dr. Julia. Afinal, já que o filme fez questão de mostrar a casa de Bobby (Farrel) cheia de brinquedos e pôsteres, e a de Dave (Spacey), espaçosa e organizada; fica claro que a intenção é retratar as casas como reflexos de seus donos. E se é esse o caso, quem não gostaria de conhecer o lar de uma Jennifer Aniston tarada e viciada em sexo?

Com um elenco completamente canastrão – destaque para o irreconhecível Colin Farrell, que, apesar de pouco tempo em tela, rouba a cena com seu estranho penteado e atitude arrogante – e repleto de situações absurdas, o longa abandona toda a sensação de realismo, para entregar-se totalmente ao nonsense. Sendo assim, torna-se aceitável vermos alguém marcar uma reunião para anunciar que resolveu se auto-promover; ou uma dentista ter um botão embaixo de sua mesa que, quando pressionado, automaticamente tranca a porta para que ela possa abusar de seu funcionário; ou mesmo que alguém seja capaz de levar prostitutas e drogas para o escritório, em horário de trabalho. Em meio a tudo isso, assistirmos uma pessoal se sentir orgulhosa de ser mais “estuprável” do que outra, vira algo “normal”.

Ao contrário de outros exemplos do gênero lançados nesse ano, Quero Matar Meu Chefe consegue equilibrar-se bem entre a originalidade (algo que faltou em Se Beber Não Case 2) e o exagero (maior defeito de Passe Livre), além de não entregar os seus melhores momentos nos trailers. O resultado é uma das melhores comédias do ano. Vale a pena conferir.

Nota: (ótimo) por Daniel Medeiros

O Projeto 7 Marte gostaria de agradecer a EspaçoZ, a PalavraCom e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa aonde pudemos assistir a esse filme.

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