PREMONIÇÃO 5

(Final Destination 5 – 2011 – EUA)

Direção: Steven Quale
Roteiro: Eric Heisserer
Elenco: Nicholas D’Agosto, Emma Bell, Miles Fisher, Ellen Wroe, Jacqueline MacInnes Wood, P.J. Byrne, Arlen Escarpeta, David Koechner, Courtney B. Vance, Tony Todd.
Lançado no ano 2000, Premonição (ou Final Destination) trazia uma interessante premissa: um jovem testemunha um acidente aéreo antes que ele de fato aconteça, e sai do avião levando consigo alguns amigos; o que, consequentemente, acaba salvando suas vidas. O problema é que, com isso, ele enganou a Morte. E a ela, aparentemente, não gosta de ser enganada. Sendo assim, a dama da foice passa a perseguir os sobreviventes para terminar o serviço.
O longa rapidamente tornou-se uma franquia que, a partir do terceiro capítulo, passou apenas a cumprir aquilo que era esperado dela – pouco criativa, mas bastante lucrativa. Hoje, 11 anos depois, chegamos então ao quinto capítulo da série, e a tragédia da vez é a queda de uma ponte, que causaria o óbito de vários empregados de uma empresa que viajavam rumo a um retiro empresarial. É claro que o jovem Sam Lawton (Nicholas D’Agosto) presencia tudo antes e acaba salvando alguns colegas e amigos do desastre iminente. É então que, novamente, a Morte passa a seguir os sobreviventes.
Conforme a franquia Premonição se estabeleceu no cinema, a “qualidade” da carnificina passou a importar mais do que a história em si. Isso explica o fato do roteirista Eric Heisserer (do vindouro The Thing) investir em personagens extremamente caricaturais, tornando fácil que o público lembre deles – afinal, é mais impactante quando se conhece a pessoa que está morrendo. Também é “justificável” então que o texto insista em explicar todas as ações e dramas pessoais através de diálogos, já que isso poupa tempo e permite que a narrativa chegue logo à sanguinolência. Ainda assim, nada explica os péssimos diálogos e situações absurdas que vemos durante toda a projeção: como a apresentação de David Koechner que, para mostrar ser um chefe carrancudo, aparece chamando o protagonista de “Stan” e, depois que é corrigido pelo mesmo, olha para ele com cara de bravo dizendo: “Você me corrigiu?”
O mesmo apreço tido no desenvolvimento do roteiro também é visto na escolha do elenco. Além de totalmente inexpressivos e igualmente ruins, todos os atores mostram-se incapazes de causar qualquer sentimento de simpatia no espectador (com exceção, é claro, da bela Jacqueline MacInnes Wood, que passa boa parte do filme com o mínimo de roupas do corpo, mantendo-se presente na cabeça do público masculino). Até mesmo o veterano Tony Todd, que retorna aqui como o sinistro William Bludworth, não passa de uma caricatura, com sua voz rouca e sempre falando baixo.
Estreando no comando de um longa-metragem de ficção, Steven Quale se sai razoavelmente bem, ao entregar aos fãs exatamente o que eles esperam ver. Ainda que exagere em alguns momentos – um olho rolando pelo chão já é um pouco demais –, o cineasta merece destaque por saber brincar com a expectativa, dando falsas dicas e distraindo o espectador, que, como é costume, fica o tempo todo tentando adivinhar como vai ocorrer a próxima fatalidade, e ainda assim sai surpreendido.
Porém o grande destaque fica mesmo por conta do bom uso do 3D: se os créditos iniciais, com diversos cacos de vidro voando na direção da platéia, davam a entender que a tecnologia seria usada de maneira vaga; a cena da ponte, onde a grande sensação de profundidade de campo causa tensão ao mostrar o perigo real em que aquelas pessoas se encontram, revela-se um bom exemplo de 3D sendo usado como narrativa, e não como arroubo técnico.
Mantendo uma estrutura bastante similar à do primeiro filme – com cenas de depoimentos na polícia e funeral dos amigos após a tragédia – Premonição 5 faz também uma relação mais direta (e um tanto exagerada) com o episódio pioneiro da série. Ainda que não seja nada espetacular, não deixa de ser um toque, no mínimo, interessante.

Nota:(Regular) por Daniel Medeiros

O 7 Marte gostaria de agradecer a EspaçoZ, a PalavraCom e o Cinesystem por organizarem a cabine de imprensa onde pudemos assistir a esse filme.