FÚRIA DE TITÃS 2 – Crítica

O primeiro Fúria de Titãs (o remake, não o original de 1981) acabou chamando mais a atenção pela sua péssima conversão para o 3D do que pela qualidade mediana de sua narrativa. E não é surpresa que após bons números de bilheteria, a Warner começaria a planejar uma continuação. Porém, esperava-se que pelo menos o estúdio aprendesse com seus erros e procurasse melhorar a franquia; algo que não aconteceu.

O equívoco começou pela escolha do diretor: Jonathan Liebesman sempre se mostrou um cineasta limitado, mais interessado em criar sequências de ação do que em desenvolver a história e seus personagens. A sua escalação para o comando do longa apontava o caminho escolhido pela Warner, que decidira abandonar um universo interessantíssimo (toda a mitologia grega) para se entregar a um filme de aventura, com batalhas e monstros gigantes de um olho só.

Na trama, passada anos após os eventos do primeiro longa, o viúvo Perseu vive tranquilamente com seu filho pré-adolescente, até que recebe a visita de seu pai, Zeus, que o avisa sobre o perigo iminente causado pela possível libertação de Cronos – poderoso pai dos deuses – que, caso seja libertado, pode destruir a humanidade inteira. Cabe então, mais uma vez, a Perseu salvar o mundo, contando com a ajuda da rainha (e agora guerreira) Andrômeda e de Agenor, filho bastardo de Poseidon.

Escrito pelos pouco experientes Dan Mazeau e David Johnson, o roteiro não confia na inteligência do espectador, trazendo o tempo todo alguém explicando o que acabamos de ver – como quando Ares (Edgar Ramirez) diz “Tártaro, a grande prisão do submundo” no exato momento em que os personagens chegam até o local (como se eles não soubessem para onde estavam indo). Além disso, o texto ainda insere cenas de ação onde não há necessidade que elas aconteçam: afinal, se somente uma lança mágica pode matar o vilão, de que adianta enviar um enorme exército para a batalha?

A parte técnica, entretanto, merece destaque. Desde os competentes efeitos visuais até o ótimo design de produção – com as criaturas bizarras (como o monstro de duas cabeças) e cenários grandiosos (o labirinto do minotauro) –; o filme não fica devendo em nada nesse quesito. Até mesmo a direção de Liebesman se mostra funcional nessa narrativa, já que o diretor sabe muito bem como comandar uma boa seqüência de ação recheada de efeitos (o plano-sequência envolvendo o mesmo monstro de duas cabeças e o clímax são prova disso). Além do mais, o cineasta abandonou a sua câmera tremida que tanto incomodou em Invasão do Mundo – Batalha de Los Angeles, o que faz com que as cenas aqui sejam muito mais fluídas.

E se o elenco faz o que pode com o texto fraco que tem, o destaque fica por conta da atuação de Ralph Fiennes, que agora retrata o seu Hades como alguém imponente e não submisso. Além dele, o sempre competente Liam Neeson chama atenção, assim como Danny Huston, apesar de fazer uma curta participação; e Bill Night e Toby Kebbell servem como um bem vindo alívio cômico, inserindo uma boa dose de humor à trama. E se Sam Worthington continua fazendo o mesmo papel de sempre, pelo menos dessa vez o seu personagem não tem um corte de cabelo militar dos anos 90, e isso já conta bastante.

(Wrath of the Titans – EUA – 2012 – 99 min.)
Direção: Jonathan Liebesman
Roteiro: Dan Mazeau e David Johnson
Elenco: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Édgar Ramírez, Toby
Kebbell, Rosamund Pike, Bill Nighy, Danny Huston.

Nota:(Regular) por Daniel Medeiros