Crítica | Colegas

Grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado desse ano,
o longa “Colegas”, de Marcelo Galvão
(“Quarta B”), procura fazer uma
homenagem ao cinema no formato de uma comédia/road-movie com diversas
referências à sétima arte. Entretanto, o roteiro limitado prejudica a
proposta inicial, que se salva apenas pelo carisma do trio principal.

Na trama, escrita pelo próprio Galvão, três jovens com
Síndrome de Down fogem do instituto onde moram e embarcam numa aventura ao
estilo “Thelma & Louise” pelas
estradas brasileiras. Financiando sua viagem com assaltos realizados com uma
arma de brinquedo, os três procuram realizar seus respectivos sonhos: ver o
mar, casar e voar. Porém, as aventuras do trio acaba colocando uma dupla de
detetives na sua cola.
Recheado de citações cinematográficas, que vão das mais
simples –
 como os nomes de “Cães de
Aluguel” –
 até outras mais específicas (a do origami de “Blade Runner” é genial), o roteiro até se
sustenta enquanto se propõe a fazer apenas uma homenagem à arte. O problema é que, quando procura fazer
alguma piada “original”, o texto acabe apelando para concursos de arrotos ou
masturbação em tentativas frustradas de fazer graça.
Do elenco, Ariel Goldenberg (que já havia trabalhado com o
diretor no curta “Ouija) e Rita Pokk
conseguem transmitir ao mesmo tempo emoção e inocência inerentes aos seus
personagens, mas o destaque fica mesmo para Breno Viola. O garoto que quer voar
demonstra um ótimo timming cômico e é
responsável pelos melhores momentos do longa – como a hilária cena em que ele
leva seu próprio retrato de “procurado” para assaltar um mercadinho.
E o fato de ter narração de Lima Duarte é algo que sempre
contará como um ponto positivo. Mas o mesmo não pode ser dito da dupla de policiais,
que, por mais que sejam interpretados com qualidade por Deto Montenegro e Rui
Unas, acabam relegados ao papel de oficiais burros que não vêem os fugitivos
passando do seu lado ou a referências deslocadas de “Taxi Driver” e “Psicose”.
Ao final, Colegas é
um filme que provavelmente tem mais defeitos do que qualidades, mas a graça dos
atores principais (e a trilha sonora composta por sucessos de Raul Seixas) compensa seus equívocos.

(idem – Brasil – Comédia – 100 min. – 2012)
Direção: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão
Elenco: Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola, Lima Duarte, Rui Unas, Deto Montenegro, Leonardo Miggiorin, Amélia Bittencourt.

Nota: (Bom) por Daniel Medeiros