Crítica | Invasão a Casa Branca

O presidente americano está em alta nos cinemas atualmente. Nesse ano, duas produções distintas (mas bastante similares) foram feitas com a temática do ataque à Casa Branca. Enquanto O Ataque, dirigido por Roland Emmerich (2012) e estrelado por Channing Tatum (Anjos da Lei) não chega aos cinemas, aproveito para falar sobre Invasão a Casa Branca, que estreou há alguns meses e chegou agora às locadoras.

Escrito pela dupla Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt (que tem no currículo o vindouro Os Mercenários 3), o roteiro acompanha Mike Banning (Butler), um ex-agente de segurança do presidente americano (Eckhart) que foi afastado depois de uma tragédia (um dos poucos momentos de surpresa do longa). Porém, quando a Casa Branca é invadida durante uma reunião do presidente com um representante político da Coréia do Sul, Banning tem sua chance de provar seu valor, e ganhar não só o seu antigo emprego de volta, mas também a sua dignidade.

Quem já assistiu a alguns filmes com essa temática já deve adivinhar o rumo que a trama leva, e não é nada surpreendente perceber que os roteiristas não fazem questão nenhuma de desviar desse caminho. Sendo assim, a temática extremamente patriótica (algo que também era esperado) é escancarada na tela durante o tempo todo, apontando a visão bastante limitada que os roteiristas têm em relação à política internacional. Em certo momento alguém constata tristemente que os EUA “perderam a Coréia do Sul”, como se este fosse um território pertencente aos Estados Unidos.

Já o cineasta Antoine Fuqua (que chamou a atenção com Dia de Treinamento, mas nunca mais fez nada que justificasse esse sucesso) também faz a sua parte ao retratar esse patriotismo exacerbado (e um tanto irritante aos olhos estrangeiros) ao simbolizar a queda e ascensão da esperança americana através de imagens da bandeira tremulando em câmera lenta, uma simbologia um tanto batida, diga-se de passagem.

Não só isso, mas as supostas reviravoltas que o roteiro propõe são não só previsíveis como totalmente injustificáveis: em certo momento, um personagem vai explicar os motivos que o levaram a mudar de time e sua argumentação não faz sentido algum. E o pior é que o roteiro ainda faz questão de inserir uma suposta redenção para esse mesmo personagem, o que só piora as coisas. Além disso, a própria construção do herói (ou a falta dela) é totalmente equivocada. Gerard Butler tenta ser uma mistura de Clint Eastwood em Na Linha de Fogo com Kiefer Sutherland em 24 Horas, mas não tem a canastrice do primeiro e nem o carisma do segundo.

Porém, os fãs mais xiitas de ação podem julgar os meus apontamentos aqui como infundados, uma vez que (na opinião deles) filmes de ação são feitos apenas para entreter, e não para pensar. Deixando de lado a discussão de que esse argumento é um tanto simplista para julgar uma arte como o cinema, ou ignorando comparações como outros longas de ação muito mais bem sucedidos nos quesitos ação/pensamento (como é o caso do primeiro Duro de Matar, por exemplo, que tem uma estrutura similar a esse aqui); acho válido apontar que Invasão a Casa Branca não empolga nem mesmo na sua técnica. Com exceção da meia hora inicial (onde acontece a tal invasão do título), o restante das cenas de ação são bastante simplórias, e ainda contam com os efeitos especiais fajutos que parecem terem sido extraídos de um jogo de PlayStation 1.

Tomara que O Ataque se saia melhor.

(Olympus Has Fallen – Ação – EUA – 2013 – 120 min.)
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt
Elenco: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Finley Jacobsen, Dylan McDermott, Rick Yune, Morgan Freeman, Angela Bassett, Melissa Leo, Radha Mitchell, Cole Hauser, Phil Austin, James Ingersoll.