Crítica | Bling Ring – A Gangue de Hollywood

A temática da juventude sempre esteve
presente na filmografia da cineasta Sofia Coppola, ainda que normalmente
associado a outro tema, como depressão (As
Virgens Suicidas
), solidão (Encontros
e Desencontros
) ou relações familiares (Um
Lugar Qualquer
). Em Bling Ring – A Gangue
de Hollywood
, a diretora volta-se novamente ao seu assunto favorito,
associando-o dessa vez à futilidade.

Escrito pela própria Coppola com base no
artigo de Nancy Jo Sales, o roteiro acompanha a rotina de um grupo de jovens de
classe média alta de Los Angeles que decide assaltar as casas de celebridades
de Hollywood visando assim se aproximar daquelas pessoas que eles idolatram. A
história é baseada em um caso real que aconteceu em 2009, mas Sofia escolheu
mudar os nomes dos personagens para não contribuir ainda mais para o “sucesso”
da gangue.

A ideia de futilidade é vista logo no início
da trama, quando uma mãe preocupada em passar bons valores para as filhas
baseia-se nas “filosofias” do livro “O Segredo” como forma de guiar sua família.
Já em outro momento, uma das jovens ladras pergunta (preocupada) se Lindsey
Lohan falou alguma coisa quanto ao fato deles terem assaltado a sua casa.

E não é por acaso que a celebridade mais “desejada”
dentro daquele grupo é Paris Hilton, ou seja, alguém que não fez absolutamente
esforço nenhum para ser famosa – e a socialite parece não ter entendido a
crítica social proposta por Copolla, uma vez que aceitou participar do longa e
ainda cedeu sua casa para as filmagens.

Porém, se o conceito da crítica social parece
bem estabelecido, a execução mostra-se um tanto falha. Optando por uma abordagem
superficial – o que combina com a personalidade dos seus personagens – Coppola cria
uma narrativa rasa, que não se preocupa em explorar aquele universo que ela
está retratando. Trata-se de uma proposta interessante, mas cuja execução não
funciona tão bem.

Da mesma maneira, o estilo “econômico” de
filmagem da diretora rende alguns momentos memoráveis – como o assalto visto
todo em um plano geral do lado de fora da casa –, mas parece um pouco cansativo
em certos momentos. E as longas sequências de festas, assaltos e excessos,
apesar de retratarem bem a rotina do grupo, se tornam repetitivas, uma vez que
não levam a narrativa a lugar algum.

Nesse sentido, Bling Ring – A Gangue de Hollywood tem todas as qualidades (e
defeitos) de um trabalho de Sofia Coppola, sendo indicado (principalmente) para
aqueles que já conhecem e que gostam da sua filmografia.

(The Bling Ring – Drama – EUA – 2013 – 90 min.)
Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola

Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson,
Claire Julien, Taissa Farmiga, Leslie Mann.



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