Crítica | Thor: O Mundo Sombrio

A primeira aventura solo do herói Thor, lançada em 2011, tinha um intuito claro de apresentar o personagem para um futuro (e bem sucedido) filme do supergrupo Os Vingadores. Apesar de ter servido a esse propósito inicial, o longa não se sustentou sozinho, entregando um resultado um tanto irregular. Thor: O Mundo Sombrio, sua mais nova aventura, consegue não apenas ser superior ao original (o que não seria uma tarefa tão difícil), mas estabelecer um novo e interessante olhar em relação ao protagonista e ao seu mundo mitológico.

Escrito por Christopher Yost (da série animada de Os Vingadores), em parceria com Christopher Markus e Stephen McFeely (ambos de Capitão América), o roteiro mostra Thor (novamente interpretado com competência por Chris Hemsworth) tentando restabelecer a paz nos 9 reinos depois da guerra causada por seu irmão Loki (Tom Hiddleston) em Os Vingadores. Porém, quando uma raça de perigosos elfos negros é despertada, o herói precisa impedir que eles tragam a escuridão de volta ao universo.

Apesar de apresentar influências claras da trilogia O Senhor dos Anéis – como a sequência inicial, onde uma narração e uma cena de batalha contam a origem do vilão Malekith (Christopher Eccleston); ou o mesmo o elemento Éter, bastante similar ao Um Anel (fonte de grande poder e grande perigo) –, curiosamente, o filme é muito mais calcado na realidade (dentro dos limites que a trama fantástica permite, é claro). E o grande mérito disso encontra-se na escalação do diretor Alan Taylor.

Oriundo da TV, Taylor trouxe muito da sua experiência na série Game of Thrones ao conceber um universo mais “sujo”, e não tão brilhante como visto anteriormente. Nessa nova visão, o fato dos asgardianos serem mostrados não como deuses, mas como mortais, cria um sentimento de urgência, uma vez que eles enfrentam um inimigo claramente mais desenvolvido (prova disso é o fato deles lutarem com espadas enquanto os elfos usam armas de fogo). Taylor também merece destaque pelo seu apuro visual, em especial na maneira como conduz o clímax, uma batalha que literalmente atravessa diversos mundos.

E se Hemsworth e Natalie Portman (que interpreta novamente a cientista Jane Foster) pouco mudaram em relação ao longa original, é notável a diferença na concepção de Loki, sem dúvida a melhor criação do universo cinematográfico da Marvel, que aqui aparece muito mais a vontade e com um notável senso de humor (a cena em que ele se transforma em vários outros personagens é hilária), mas sem nunca perder as suas características mais marcantes, como a arrogância e imprevisibilidade.

Ao final, Thor: O Mundo Sombrio é um filme divertido e muito bem dirigido, que aponta um futuro muito mais promissor para o universo Marvel do que o Homem de Ferro 3 fez. Que venha o próximo Capitão América então.

(Thor – The Dark World – Aventura – EUA – 2013 – 112 min.)
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Christopher Yost, Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Stellan Skarsgård, Christopher Eccleston, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Kat Dennings, Ray Stevenson, Zachary Levi, Tadanobu Asano, Jaimie Alexander, Rene Russo, Anthony Hopkins.